domingo, março 29, 2015

LIBERALISMO E NACIONALISMO EM MEADOS DO SÉCULO XIX NA EUROPA.







         Liberalismo e Nacionalismo em meados do século XIX na Europa.

           
O processo revolucionário francês foi marcado pela exaltação burguesa da liberdade política, econômica e “social”, em oposição clara ao absolutismo, ao mercantilismo e a qualquer limitação das manifestações dos direitos individuais.
            A Burguesia, líder desse processo revolucionário, utiliza-se da influência ideológica que exerce junto ao Terceiro Estado e procura implantar a ideologia Liberal, na qual a intervenção do Estado na economia constituía um entrave para as possibilidades de “ascensão social do povo”, quando na verdade quem buscava essa ascensão era a própria burguesia.
            Com a expansão do Capitalismo, o Liberalismo assumiu formas diferentes, valorizadas de acordo com as especificidades de cada país. A exaltação do direito da propriedade privada, da riqueza, só seria possível com a total liberdade de produção, circulação e venda dos produtos, aspectos que foram característicos do Liberalismo Econômico, enquanto que o Liberalismo Político defendia os governos representativos, constitucionais e o parlamentarismo. Ambos fazendo parte de um mesmo núcleo Liberal.
            Ao defender os direitos ou liberdade natural dos indivíduos, a burguesia justificava sua ascensão política e, consequentemente, econômico-social, daí sua associação aos princípios democráticos, mesmo com as difefreças existentes entre Democracia e Liberalismo.
            Diante da miséria do operariado, assumiu uma atitude paternalista através de uma legislação social que apenas amenizava os problemas, mas que passava uma forjada imagem de desenvolvimento social em todos os aspectos, havendo sempre a falsa pré-disposição a ajudar no que fosse necessário ao povo.
            Em meio a tanta agitação ideológica, intensifica-se ( ou forja-se ) um sentimento que tende a afirmar as idéias liberais, esse sentimento é o Nacionalismo, que assume esse caráter ao voltar-se contra a nobreza e o clero, proclamando que o poder não emana de Deus, nem do soberano, mas única e exclusivamente do povo e da nação. A lealdade ao Rei é substituída pela lealdade à pátria. No final do século XVIII e no decorrer do XIX, a ascensão do sentimento nacionalista coincide com a Revolução Industrial, que promove o desenvolvimento da economia nacional, o surgimento da classe média (outro instrumento da burguesia) e a exigência popular de um governo representativo. 
            O Nacionalismo Liberal do início do século XIX firma-se como uma ideologia política que traduz as aspirações do liberalismo. Torna-se uma forma de protesto contra os Estados monárquicos, aristocráticos e religiosos e de afirmação da identidade nas regiões submetidas ao domínio estrangeiro, como na Itália, dominada pela Áustria, e na Irlanda, subjugada pelo Reino Unido.
            No momento em que o povo reivindicava melhores condições de vida, de trabalho, moradia etc., pondo em duvida as idéias da classe burguesa, houve a necessidade de utilizar o sentimento nacional, o amor à pátria, as culturas nacionais, as tradições, objetivando assim a manutenção da ordem, estimulando e fortalecendo o sentimento de liberdade, progresso social, econômico e político que pregava a classe burguesa. Nesta linha de raciocínio, podemos definir que, assim como o Liberalismo foi uma criação da burguesia para implementar suas idéias, o Nacionalismo também se inclui nesse sistema burguês, uma vez que em muito contribuiu para reforçar o sentimento de soberania do povo, essencial para o desenvolvimento das idéias liberais.
            Verificamos a força do Nacionalismo quando observamos que após a derrota de Napoleão, as potências “vencedoras” posicionam-se contra as pretensões nacionalistas, que associadas ao liberalismo, significam uma ameaça à restauração monárquica. No contexto das Revoluções Liberais, no século XIX, o princípio da nacionalidade é um dos fatores decisivos para a mobilização da burguesia, que, em alguns países, é apoiada pelo proletariado industrial. Na Itália e na Alemanha, o sentimento nacionalista torna-se um elemento fundamental para as unificações.
            Com a definição de Nacionalismo, encontramos bons indícios para responder aos questionamentos que surgem ao buscarmos entender o porquê ele foi, e é tão importante para as consolidações das idéias liberais burguesas?

O Nacionalismo constitui-se como ima ideologia segundo a qual o indivíduo deve lealdade ao estado nacional, compreendido como um conjunto de pessoas unidas num mesmo território por tradições, língua, cultura, religião ou interesses comuns, que constitui uma individualidade política com direito de se autodeterminar”. Essa lealdade é cobrada sempre que, de alguma maneira, a ideologia burguesa / liberal se sente ameaçada.

                                                                                            Professor: Walfrido Gomes.

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