Liberalismo e Nacionalismo em meados do século XIX na Europa.
O processo revolucionário francês foi marcado pela exaltação burguesa da
liberdade política, econômica e “social”, em oposição clara ao absolutismo, ao
mercantilismo e a qualquer limitação das manifestações dos direitos
individuais.
A Burguesia, líder desse processo
revolucionário, utiliza-se da influência ideológica que exerce junto ao
Terceiro Estado e procura implantar a ideologia Liberal, na qual a intervenção
do Estado na economia constituía um entrave para as possibilidades de “ascensão
social do povo”, quando na verdade quem
buscava essa ascensão era a própria burguesia.
Com a expansão do Capitalismo, o Liberalismo
assumiu formas diferentes, valorizadas de acordo com as especificidades de cada
país. A exaltação do direito da propriedade privada, da riqueza, só seria
possível com a total liberdade de produção, circulação e venda dos produtos,
aspectos que foram característicos do Liberalismo Econômico, enquanto que o
Liberalismo Político defendia os governos representativos, constitucionais e o
parlamentarismo. Ambos fazendo parte de um mesmo núcleo Liberal.
Ao defender os direitos ou liberdade
natural dos indivíduos, a burguesia justificava sua ascensão política e,
consequentemente, econômico-social, daí sua associação aos princípios
democráticos, mesmo com as difefreças existentes entre Democracia e
Liberalismo.
Diante da miséria do operariado, assumiu
uma atitude paternalista através de uma legislação social que apenas amenizava
os problemas, mas que passava uma forjada imagem de desenvolvimento social em
todos os aspectos, havendo sempre a falsa pré-disposição a ajudar no que fosse
necessário ao povo.
Em meio a tanta agitação ideológica,
intensifica-se ( ou forja-se ) um sentimento que tende a afirmar as idéias
liberais, esse sentimento é o Nacionalismo, que assume esse caráter ao
voltar-se contra a nobreza e o clero, proclamando que o poder não emana de
Deus, nem do soberano, mas única e exclusivamente do povo e da nação. A
lealdade ao Rei é substituída pela lealdade à pátria. No final do século XVIII
e no decorrer do XIX, a ascensão do sentimento nacionalista coincide com a
Revolução Industrial, que promove o desenvolvimento da economia nacional, o surgimento
da classe média (outro instrumento da burguesia) e a exigência popular de um
governo representativo.
O Nacionalismo Liberal do início do
século XIX firma-se como uma ideologia política que traduz as aspirações do
liberalismo. Torna-se uma forma de protesto contra os Estados monárquicos,
aristocráticos e religiosos e de afirmação da identidade nas regiões submetidas
ao domínio estrangeiro, como na Itália, dominada pela Áustria, e na Irlanda, subjugada
pelo Reino Unido.
No momento em que o povo
reivindicava melhores condições de vida, de trabalho, moradia etc., pondo em
duvida as idéias da classe burguesa, houve a necessidade de utilizar o
sentimento nacional, o amor à pátria, as culturas nacionais, as tradições,
objetivando assim a manutenção da ordem, estimulando e fortalecendo o
sentimento de liberdade, progresso social, econômico e político que pregava a
classe burguesa. Nesta linha de raciocínio, podemos definir que, assim como o
Liberalismo foi uma criação da burguesia para implementar suas idéias, o
Nacionalismo também se inclui nesse sistema burguês, uma vez que em muito
contribuiu para reforçar o sentimento de soberania do povo, essencial para o
desenvolvimento das idéias liberais.
Verificamos a força do Nacionalismo
quando observamos que após a derrota de Napoleão, as potências “vencedoras”
posicionam-se contra as pretensões nacionalistas, que associadas ao
liberalismo, significam uma ameaça à restauração monárquica. No contexto das
Revoluções Liberais, no século XIX, o princípio da nacionalidade é um dos
fatores decisivos para a mobilização da burguesia, que, em alguns países, é
apoiada pelo proletariado industrial. Na Itália e na Alemanha, o sentimento
nacionalista torna-se um elemento fundamental para as unificações.
Com a definição de Nacionalismo,
encontramos bons indícios para responder aos questionamentos que surgem ao buscarmos
entender o porquê ele foi, e é tão importante para as consolidações das idéias
liberais burguesas?
“O Nacionalismo constitui-se como ima
ideologia segundo a qual o indivíduo deve lealdade ao estado nacional,
compreendido como um conjunto de pessoas unidas num mesmo território por
tradições, língua, cultura, religião ou interesses comuns, que constitui uma individualidade
política com direito de se autodeterminar”. Essa lealdade é cobrada sempre que, de alguma maneira, a ideologia
burguesa / liberal se sente ameaçada.
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